Save Our Souls...
Fazia muito frio naquela noite de agosto. Na cozinha a água para o chá estava prestes a ferver e ele esperava sentado em frente à lareira, lendo Moby Dick.
Três agasalhos não eram suficientes. A luva de lã atrapalhava na mudança de páginas, mas o descontentamento durava poucos segundos.
Um bichano gordo, amarelo, roçava numa e n'outra perna dele, aquecidas por um cobertor xadrez, tons vermelho escuro.
Um bichano gordo, amarelo, roçava numa e n'outra perna dele, aquecidas por um cobertor xadrez, tons vermelho escuro.
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A água secou...
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Ele dormia e sonhava com sua estante, que abria caminho para um mundo mágico. Bastava puxar um livro da terceira fileira, já corroído pelos dedos insistentes.
E enquanto ele admirava cada detalhe, cada coisa nova e bela que ia surgindo, o bule ia queimando na cozinha, sem água, sem nada...
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Miava. Gritavam os vizinhos. Cheirava uma casa queimada dali a pouco.
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Ele sorria... Morriam.
Nossa. Morbido, porém belo.
ResponderExcluirGostei.