terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mas eu quero um tempo...

Tempo, eu pensei... Pedir por ele é, no mínimo, estranho...
É o mesmo que esquecer do abraço entre relâmpagos e chuva... Ingenuidade pensar que tudo seria como aquele abraço ou como o livro de poemas oferecido pela janela e a piada feita no portão, que ouvia curioso todas as conversas e risos debaixo da chuvinha fina do começo da madrugada.
É o mesmo que devolver para o céu as três estrelas roubadas ou rasgar todas as nossas fotografias não tiradas...
É como desacelerar o coração que tantas vezes bateu acelerado e tão forte ou como apagar cada letra de cada poema escrito. Mesmo daquele que fora escrito debaixo de chuva e tem os pingos dela ainda marcados na folha. Como abandonar promessas, lembranças, carinhos e planos, ainda que não os tenhamos feito.
É como ver de trás pra frente os filmes que assistimos juntos; como misturar as cores do cubo mágico de forma que não se monte mais, como dar xeque-mate numa partida sem reis.
Pedir por um tempo com um sorriso no rosto é como não ter dito: "quero ficar contigo pra sempre". Me ensinaram errado o que quer dizer "para sempre", talvez.
É como entristecer os sorrisos que sorrimos juntos ou transformar todas as lágrimas em nada; como tirar a razão das crises de ciúme "sem-razão"; como colocar defeito em todos os beijos cobertos de timidez, outros de paixão.
É como reger uma orquestra onde todos os instrumentos tocam apenas pausas... "Agora é a vez do solo: pausa... pausa..."
É como desejar que nada disso tivesse acontecido, mesmo que tenha trazido momentos de felicidade; como interromper nossas aulas sem chegar à metade...
É como descosturar os pontos que foram feitos no coração para que ele parasse de sangrar.
E agora? O que é? Meu coração está apertado, mas, enfim, consigo segurar um pouco as lágrimas, mesmo que elas fiquem presas no nó da garganta que só aumenta e dói.
Procuro coisas para me distrair e amigos que nem são tão amigos assim para que eu possa esconder as lágrimas direito.
O meu desejo era tirar todo esse peso que corrompe o sentimento. Tirar tudo e deixar apenas nós dois. Será que pesaria menos?
Pedir um tempo só não é como apagar as discussões, que parecem ter um peso maior em tudo,
mas é como esquecer dos concertos e da torre que tem um relógio... Lembro-me das horas e percebo que já é tarde e que não tenho sono... sono nenhum. Desculpa não ser um soneto e não ter "final"..................

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