quarta-feira, 22 de maio de 2013

Não digo

Não digo que não seja estranho. Até é, mas não tão estranho quanto a primeira vez que se recolhe todos os pertences para se mudar de casa. De tanto me mudar, já virou rotina. Recolhendo e jogando fora e relembrando o que não estava no pensamento recorrente. Não preciso mais disto; que pena eu tenho de jogar fora; desapegar das lembranças de outrora. Nas malas a que tenho direito vai tudo o que é meu indispensável, tudo aquilo... Digo, "mas estou deixando muitas coisas". Volto logo então. O tempo passa de dez a um mesmo quando a ansiedade acompanha o café da manhã e o jantar, sem se contentar. Então são dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois... Não acredito! Ou talvez acredite, pois ainda é dez (ou nove). É outra realidade, por fim. 
Quem disse que nunca fui lá? Sempre vou, pois o pensamento é o melhor meio de se chegar mais rápido e visitar os lugares preferidos para tomar um chá chinês que excita as papilas gustativas amargas e faz a boca salivar a cada gole. Esse foi realidade, mesmo com tantas fotografias surreais. 
Marquei então para segunda-feira o que já planejava há tantos anos. Duas. É tanto receio e dúvida e ansiedade... Agora já furei a agenda. Falando em dez, não que tenha sido agora, mas foram apenas dez lições daquela língua estranha, e vai continuar sendo (dez ou estranha?) até que eu chegue dois dias seguidos. A fonte do ouro eu também não deixarei para trás. Nem pesa nas malas. 24 horas para 42, ao contrário, que é a resposta... Como não chega a 42, vai 31 mesmo.
Não procure entender, busque conhecer e sentir. É assim que se entende mesmo de tudo e, na verdade, eu nem entendo, nem aquela do conselho "mandar ou fazer". Sei que se sente bem quando entende uma linha... Não está nada mais confuso: arrumei e deixei espaço para o sapato que está faltando. 
Não é um passeio. Nem sei se já consigo entender isso, mas não é. O que me basta é o amor que me espera sem aquelas cinco horas por causa do silêncio. Isso é viver, é deixar viver, é deixar crescer ou crescer para ver no que vai tudo dar. 


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Entende?

Meu dedo já tem marca de aliança. Às vezes é meio sempre estranho, mas já foi dito algum resquício de descrença, porque eu nunca, até ali, tinha acreditado. Agora eu acredito. E por isso os problemas tentam se fantasiar de verdade... Sabe, eu venho de longe, e sempre estou vindo de longe, depois indo pra mais longe ainda. Ninguém, nem eu, sabe o porquê realmente. Sempre é um assunto ou uma desculpa ou uma poesia. Por isso, vir de longe eu digo, não tenho aquelas fotos rodeadas de melhores amigos para sempre... Sim, melhores amigos instantâneos sim, porque muitas vezes, quando estou longe (naquele lugar), aquelas pessoas acham que ficarei pra sempre, até que aquela música se faz real e se esquece até o nome de quem morou perto e falou de assuntos interessantes. Não vale se não for assunto legal e interessante. Só que eu vou pra longe de novo, ou eu acho, porque já tem marca de aliança no meu dedo. E depois eu esquecerei de você, de você, de você... e daquele ali, daquela ali também. Dele talvez, dela quem sabe... É... Foram assuntos interessantes, certo? O assunto não faz lembrar a pessoa, a marca talvez. A gente desaprende a se apegar com essas idas e vindas pra longe e de longe (e aprende a desapegar). Tem vezes que o apego vem fazer companhia, mas depois ele sai de férias, sempre assim, e não volta mais, sabe... Não naquele "longe" ali, mas volta no outro "longe" pra onde eu vou, depois de um tempo, óbvio! Afinal, eu tenho que analisar o território antes de ele decidir voltar e querer saber se é seguro realmente. 

Geralmente, as pessoas têm amigos e, geralmente (mas outro geralmente, para outra gente) elas não têm amigos. É claro que dá pra entender, e nem precisa de esforço. Não é metade metade não... Sério! Por que diabos não me levam a sério? "Eu vou quebrar todos os ossos do seu corpo e depois vou curar com a gosma mágica". É a hora de aventura... Eu estava assistindo à TV. Logo antes, era um filme, um filme estranho, que só tinha estranhos atuando como estranhos... Mas que me deixou meio assim do jeito que eu já estava. Mais lágrimas. Mais pensamentos. Você se lembra quando eu beijei você pela primeira vez? Eu sim... Porque você não me beijou. Cheio de receio. Depois beijou... Mas lá longe. Sem ser um longe pra onde fui ficar, um longe que fui visitar, um longe que, pelo que está escrito naquele papel, eu fui morar.

E eu aqui achando que sim... mas nem deu um ano depois da última. Tanto tempo... sensorial.

Acho que agora é um amigo pra sempre. Amigo antigo e pra sempre. Fotos não tão rodeadas, mas fotos pra sempre. Com sorriso sincero. Antigas com aquele sentimento descrente, mas descrente bom. E novas com aquele sentimento de verdade, de esperança que não é mais esperança, porque já é real, não utópico, mas real.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sorrisos propícios

A gente acha que nunca vai acontecer... Depois a gente tem certeza: o Amor não existe e ponto final. Quando a certeza começa a tomar forma e vários drinks com a depressão de outrora sempre, ocorre um corte profundo no que se chamou ausência de resposta... Enfim, o Amor... É, o Amor... Parece tão distante por sua forma invisível, mas tão perto por sua grandeza, sua força. A timidez de não querer aparecer não existia: teatro para a futura surpresa dos descrentes imbecis que choravam com filmes românticos, choravam por ter a certeza de que aquilo não poderia existir. É aí que acontece o ponto mais alto do prazer de quem se faz teatral... O Amor, com suas mãos delicadas e sua falsa fraqueza de outrora se torna o ator principal. Onde fica a certeza então? Alguém se vê certo de algo em um mundo com respostas tão vagas e cheio de peças pregadas, apresentadas, em andamento... Pregar peças! Destino, incerteza... Incrédulos porque parece mais um sonho, mas sabemos que estamos acordados... Sabemos? Onde está a certeza? Como saber então que o Amor existe mesmo agora, que ele se mostra, sem pudor, sem vestes, nu de corpo e alma, talvez por ser invisível (porém infinito). E cresce, cresce, cresce como se vai explodir um balão que parece murchar, mas permanece do mesmo tamanho e a impressão é só a de que cresce, cresce, cresce... O Amor, o sonho, a certeza. Quem de certo sabe sonhar o Amor é quem provou da certeira incerteza ao começar o ato principal. Aquele em que o Amor tira suas vestes e blá blá blá... Já dissemos sobre isso. A certeza de que é Amor? De que o Amor é um sonho ou do sonho de um Amor certo. Sonhar e sonhar é estar amando sem medidas enquanto se está certo de que realmente é Amor, Amor de verdade, com letra maiúscula... Tendo a certeza de que se a certeza não existir, o Amor ainda permanecerá, sendo sonho, sendo realidade, mesmo com a incerteza dos amores ao redor... Quando se ama, sabe-se que ama. Quando se ama, é-se feliz inteiramente vezes dois.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Zummm!

Agora eu sei, quando me perguntam sobre estar bem ou estar feliz, o que é responder com sinceridade, positivamente, e um "estou bem" não é o bastante para demonstrar. Vem sempre mais cartas como "demais", "melhor impossível" e o código certo das mãos puras e livres. E é o coração que está tranquilo. Eu tenho sede e, ao mesmo tempo, tenho sorte. Um alemão que dança Chopin virou pó. Não que tenha se tornado, sempre foi assim. Os três amigos é que nunca perceberam a música estranha. Sentados sob a sombra daquela árvore ou de frente pr'aquele rio, não tinha como não pensar em cebolas roxas, mas eram amarelas. Enganei-me outra vez, por sinal. Quem se importa se era só uma historinha contada há anos? Era o que me fazia um pouco feliz também... Não como essa felicidade de agora. Demorei a escrever. Achei que não fosse durar, mais uma daquelas piadas do destino, talvez - eu pensei. Só que está durando, e quase passando da fase de me assustar com sorrisos e palavras doces. Quem diria. Para o resto dos meus dias eu pensava solidão, até aparecer aquele cheiro. Não é assustador? Quantos meses são necessários para se ter segurança? Mas eu já tenho tanta certeza. E faço das palavras de Sócrates as minhas. Aquelas palavras que diziam do mau e do bom. Não se lembra? Algo sobre dar mais valor ao bom quando se prova de algo ruim antes. Não é minha culpa se tudo o que sinto agora é paz. E se fosse minha, eu estaria mais feliz ainda. Doce culpa.
Sentimos agora que demorou, mas sentiremos depois que melhor época seria impossível. Sentiremos depois também que melhor aquele dia que "hoje", por exemplo. Foi um sem querer, tão natural e mais dois corpos predispostos ao Amor. Sentimento nobre, mas sem nenhum pingo de modéstia. E é porque eu tenho orgulho triplicado. Por mim, por você, por nós... Talvez mais.
Só mais uma pergunta. A resposta também é 42?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Revira... Agora volta...

Dar a volta por cima... Ou pelos lados. É insignificante tudo o que era demais quando passamos de desesperados para felizes. O que parecia ter durado um século tem agora um pedacinho de um centímetro quadrado ocupando a sua mente, tão leve e ofuscado pelos segundos que vêm vindo...
Quando achamos que o psicólogo se faz necessário, é porque ainda não lembramos que o que é preciso é se apaixonar novamente, e rapidamente...
Os olhos malditos não passam de duas bolinhas de gude, foscas e cobertas de terra. Vai sumindo no horizonte... Quem sabe não cai em um buraco.
Milhões de tentativas estão diretamente ligadas a dois milhões de fracassos, assim como milhares de esperanças já se suicidaram por benditas mentirinhas coladas uma atrás da outra... Oh, God! A giant one!... I can't believe...
E segue-se a flor no vento, como se as pétalas fossem se arrancar com a brisa forte e gostosa. Mal sabe ela que o real pensamento de voar estava sendo atendido segundos antes do pedido de casamento.
A hora de combinar arte com matemática e da felicidade pegar a tristeza naquelas armadilhas de floresta... E por falar em aconchego... Sempre voltamos à origem, impossível não perceber, nos mínimos ou máximos detalhes. E se sempre passava despercebido, virou a maior atração desta tragédia, com final feliz, imaginem só... Não estou ficando maluca. Eu vi...
Disseram que distância não atrapalha se não deixarmos... A conta é que dois mais dois enfrenta resultados aleatórios. Se descobrirmos quantos pregos são necessários para prender esse sentimento no coração, seremos felizes... E é só.
Sobre a distância ainda... Quão bela deixa nossa imaginação de reencontro! Satisfeitos com o truque de mágica realçado pelos piões vermelhos e sorrisos... Tilintar... Tilintar. Alô?
Por que sempre tem uma corda no pescoço...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mas eu quero um tempo...

Tempo, eu pensei... Pedir por ele é, no mínimo, estranho...
É o mesmo que esquecer do abraço entre relâmpagos e chuva... Ingenuidade pensar que tudo seria como aquele abraço ou como o livro de poemas oferecido pela janela e a piada feita no portão, que ouvia curioso todas as conversas e risos debaixo da chuvinha fina do começo da madrugada.
É o mesmo que devolver para o céu as três estrelas roubadas ou rasgar todas as nossas fotografias não tiradas...
É como desacelerar o coração que tantas vezes bateu acelerado e tão forte ou como apagar cada letra de cada poema escrito. Mesmo daquele que fora escrito debaixo de chuva e tem os pingos dela ainda marcados na folha. Como abandonar promessas, lembranças, carinhos e planos, ainda que não os tenhamos feito.
É como ver de trás pra frente os filmes que assistimos juntos; como misturar as cores do cubo mágico de forma que não se monte mais, como dar xeque-mate numa partida sem reis.
Pedir por um tempo com um sorriso no rosto é como não ter dito: "quero ficar contigo pra sempre". Me ensinaram errado o que quer dizer "para sempre", talvez.
É como entristecer os sorrisos que sorrimos juntos ou transformar todas as lágrimas em nada; como tirar a razão das crises de ciúme "sem-razão"; como colocar defeito em todos os beijos cobertos de timidez, outros de paixão.
É como reger uma orquestra onde todos os instrumentos tocam apenas pausas... "Agora é a vez do solo: pausa... pausa..."
É como desejar que nada disso tivesse acontecido, mesmo que tenha trazido momentos de felicidade; como interromper nossas aulas sem chegar à metade...
É como descosturar os pontos que foram feitos no coração para que ele parasse de sangrar.
E agora? O que é? Meu coração está apertado, mas, enfim, consigo segurar um pouco as lágrimas, mesmo que elas fiquem presas no nó da garganta que só aumenta e dói.
Procuro coisas para me distrair e amigos que nem são tão amigos assim para que eu possa esconder as lágrimas direito.
O meu desejo era tirar todo esse peso que corrompe o sentimento. Tirar tudo e deixar apenas nós dois. Será que pesaria menos?
Pedir um tempo só não é como apagar as discussões, que parecem ter um peso maior em tudo,
mas é como esquecer dos concertos e da torre que tem um relógio... Lembro-me das horas e percebo que já é tarde e que não tenho sono... sono nenhum. Desculpa não ser um soneto e não ter "final"..................

sexta-feira, 25 de março de 2011

Azeite estragado

Ninguém nunca me disse que seria fácil. É, talvez, quem sabe (quem liga?), a pior das partes de uma vida: o assassinato do que te move...
Para a vida seguir seu curso, tem que ser realmente assim? Por que pediram para crucificá-lo? Mas, sei lá, vai ver estaria tudo do mesmo jeito. Água transformando em pedra que fosse! Tudo igualzinho.
Falar da seca não traz chuva, mas parar de falar traz gritos de fúria.
Quando o mesmo pássaro aparece na porcaria de janela velha que já muitas pessoas debruçaram com os braços cruzados sobre ela, já é sintoma de déjà vu agudo.

terça-feira, 15 de março de 2011

As memórias dela

O pé de pitomba. E lá ia ela com seu único livrinho debaixo do braço, correndo para aproveitar a sombra da árvore e ver de lá o sol se por dali a poucos minutos.
Enquanto ele fazia hora para ir embora, os olhos dela percorriam as páginas chamativas, com ilustrações que, segundo os pensamentos dela, não tinham nada a ver com a história.
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A sombra ia ficando maior e o dia mais laranja. O mato ao redor ia brilhando e escurencendo o verde ao mesmo tempo. Ela marcou a página, largou o livro no chão e foi subir no pé de pitomba. É que a vista era mais bonita dali de cima e as maritacas iriam lhe fazer companhia. Amigas de longos anos vividos naquela roça.
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O sol se pôs, sem muito segredo e repleto de magia. Diferente a cada dia conseguia ainda encantar a menina, que não deixava de pensar um dia sequer "como pode ser a mesma coisa e ser diferente sempre?"...
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A luz elétrica só existia a quilômetros dali. Ela se guiava pela luz da candeia que dava para ver pela janela da cozinha de casa. Era perto do pé de pitomba e a lua naquele dia, de tão grande e cheia, também iluminava a graminha e ela seguia...
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O cheiro era conhecido. Frango caipira. "Que bom, mamãe está fazendo o que eu mais gosto. Papai deve estar chegando hoje, só pode". O pensamento guiado pelo arroz e feijão de todos os dias, sem mais nada além de um copo d'água do pote de barro para acompanhar. Ela era tão feliz nesses dias de frango caipira na panela.
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"Papai, papai... Sabia que o senhor viria hoje! Adivinha o que mamãe está fazendo?". O beijo na testa e o respeito compartilhado naquela família pequena. Cavalos. Latidos de cachorros na porta de entrada...
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Na mesma casa, secou a lágrima a menina. A bacia cheia de pitombas na pia da cozinha. Ela cozinhava seu frango caipira, agora de todos os dias, com seu único filho de 8 anos e única companhia. O passado vinha visitá-la na memória quase sempre. Depois que os pais morreram juntos, sorrindo, na cama do casal. Completava 42 anos no outro dia e ainda guardava o livro para ler enquando seu menino pegava no sono.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Incompletificante

Irei, com certeza, chorar na lembrança do olhar pela janela, enxergando o trem passar. Soluçar a saudade vazia dos dias de chuva, carregados de significado decorrente do anoitecer friorento. E foi a noite quem me confessou um dia a minha própria vontade de me afogar no vento umedecido.
Descobri há tempos como não gosto das coisas e valores alheios, mas gosto das minhas coisas, não essas coisas, mas as coisinhas... Sabe se lá. É como preferir o não querer especificar, porque é enjoativo e radioativo. Mesmo assim, muitas coisas ao mesmo tempo incorrem no mesmo fim, pode ser. Personalidade? Nem sempre é.
Quadrinhos em preto e branco revelam o gosto pelo vinho tinto e pela sabedoria perdida no acaso. Por isso é que as coisas não se encaixam perfeitamente... Azeite vai fazer escorregar apenas.
Quando a luz vermelha começar a piscar desesperadamente é hora de acabar o show... É aí que os bandolins e fagotes entram e começam a admirar a beleza dos vagalumes perdidos na cidade grande.
Hoje a lua brilhou fosca dentro da serenidade do cálido coração. Só a loucura se deixa ser capaz de entender escritos sem fundamento algum, porque são os que têm mais significado que a veste xadrez do velho sentado no banco da praça.
E por falar em xadrez, um cheque de cinquenta centavos bateu a minha porta. Quem deixou entrar foi minha angústia. Por isso e por aquilo, mate!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Avesso do Inverso

Primeiro, escolher entre três... Nada. Agora, entre duas... Nada. É preciso uma chance sozinha para conseguir algo? Sério... Não vai ter graça. Mas, querer o que? Não se senta em um violino. A umidade do tempo não deixa secar a cola...
Um minuto para o sistema parar de funcionar e, olha só, consegui retirar o que precisava. Sensação de poder e a covardia mascarada pela vontade de conseguir algo de verdade. Igual a todos, diferente de você.
Só porque eu li um trecho certo em outro idioma eles me vêm com um "óh...!". Aham... Tudo certo. A crença nesse sistema que para de funcionar às 22:00h é necessária. Por isso as pessoas correm, de medo. Ou morrem, com algum segredo.
Quantas senhoras ainda saem vestidas de branco pelas ruas?
Cinema. Cartão Postal. E lá vai meu sonho pelos ares... Acho que escolhi a coisa certa. Certeza, nem um pingo... Só achei que saberia me virar.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

I'm fine... Ok?

"The plumes have become almost gray to me. However, there's always a little time to thank those who remember us. Stay well, Forever! Yours Truly, I."

Não é meu... Talvez nem seja para mim, já que eu não vivo mais para ou em quem escreveu... Existo infinitamente no espaço oco do meu próprio coração e é só. Engraçado é que o "Arrependimento" escrito no fim daquele era por escrever aquele mesmo e nada mais. Não-entendimentos são fatais... Percebo que meus pés repelem as nuvens que piso. Minha pele se descasca para uma forma contida de conta-gotas... Meu suor. Mesmo sem a presença o trem ainda passa ao contrário e, no fim (ou no meio) eu consegui perceber que não era nada demais, que, mesmo de menos, era mais ou menos. Entenda meus critérios como se olhasse para cima e visse o azul infinito segurando um balão verde-claro, que há poucos minutos era da garotinha de cinco anos, de cabelos encaracolados. Ela se despediu e uma só lágrima correu, seguida por um sorriso espontâneo, por enxergar um balão livre e feliz com suas próprias asas, acompanhado das nuvens.
Quero paz. Quero Amor, para mim do meu, para vocês o de vocês.
Não vale pedir perdão se o coração sempre andou despreocupado e inconsciente de ter feito qualquer besteira. Chamo de intimidade esse tipo de desrespeito. Quem entende, não é...?

De uma folha de caderno esquecida... (dois)

"Às vezes finjo não saber. Finjo fingir... Faço expressões como se não soubesse que a outra pessoa pudesse perceber.
Elas caem em minha armadilha. Comentam que estou de certa forma, pois perceberam e acham que me conhecem... Tratam o fato como se fosse mérito única e exclusivamente deles..."

Faz mais sentido se escrito de tinta preta (...)

De uma folha de caderno esquecida...

"É possível brincar com sonhos. Moldá-los. Mas os sonhos que acontecem durante o sono são mais fáceis, embora inconscientes vezes, e muitas. Basta uma lembrança para que sejam desfragmentados e mudados do começo ao fim, mantendo só a essência...
Quanto aos sonhos idealizados ao longo do tempo, os irreais reais, ligados diretamente à idéia de felicidade, esses são bem mais difíceis..."
Eu li. Pensei. Um trecho largado... Feio. Verdadeiro, enfim...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Não volta...

Sou agora apenas um emaranhado de palavras tentando sair pela boca seca, só para tentar dizer como me sinto e nunca me senti antes... Parecido com quando o chá é servido e você quer uma amora no lugar da xícara.
Sorte no Amor, Azar no jogo? Azar nos dois... nos três. Até onze...
Sempre quis viver pedalando na primeira bicicleta, rosa, com rodinhas atrás... E o balanço feito de pneu velho pendurado numa árvore de pinha.
Não é saudade. Nostalgia não. Saudade é pouco para o Amor. Amor é pouco para o que sinto...
E é sobre outra coisa que falo. Ainda o emaranhado de palavras indecisas e indefesas, que têm medo de serem mortas pela pouca sanidade que me resta, só para ter o gosto da felicidade dos loucos, senão por toda a vida.
Eu quero uma sinfonia longa, feia e macia. Com verrugas... Para parecer carruagem.
Os oboés fazendo uma só nota, sustentada durante toda ela, sem respirar... Sem fôlego. Sem suspiro, de Amor também não. É feia a sinfonia... O solo com cães latindo no palco do teatro.
É isso que eu sinto agora. Sinto e me sento na cadeira no meio do nada, tudo branco.

Eu moro na janela. Para ver o que me mantém, mas me corrói por dentro. Por isso estou tão fraca...

terça-feira, 15 de junho de 2010

S.O.S.

Save Our Souls...
Fazia muito frio naquela noite de agosto. Na cozinha a água para o chá estava prestes a ferver e ele esperava sentado em frente à lareira, lendo Moby Dick.
Três agasalhos não eram suficientes. A luva de lã atrapalhava na mudança de páginas, mas o descontentamento durava poucos segundos.
Um bichano gordo, amarelo, roçava numa e n'outra perna dele, aquecidas por um cobertor xadrez, tons vermelho escuro.
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A água secou...
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Ele dormia e sonhava com sua estante, que abria caminho para um mundo mágico. Bastava puxar um livro da terceira fileira, já corroído pelos dedos insistentes.
E enquanto ele admirava cada detalhe, cada coisa nova e bela que ia surgindo, o bule ia queimando na cozinha, sem água, sem nada...
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Miava. Gritavam os vizinhos. Cheirava uma casa queimada dali a pouco.
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Ele sorria... Morriam.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Já é outro filme...

Passos rápidos por um filme esquecido a tanto tempo...
Os cadarços desamarrados se arrastavam e se molhavam em urinas desconhecidas. Diversificação. Uns gritos abafados pelo conceito formado sem querer (Sem querer?). Lapidado por conselhos alheios... Quanto às influências, foram deixadas de lado. Tudo é praticado sem nenhuma ligação com a tal da influência. São o ócio improdutivo dos seres humanos.
Não é todo mundo que larga o emprego só para respirar um dos raios do sol que bate à janela. Olhando-se por ela, o que se vê são restos mortais. É para a morte que caminhamos.. Por isso tudo é tão triste?
Suicídio: Só mais uma forma de acelerar o processo. Já que terá tudo o mesmo desfecho, por que não se suicidar?
Um homem de oitenta anos clamando entre soluços pelo colo da mãe não é de se estranhar. Não agora... Se alguém ainda consegue chegar lá.
E se a mãe aparece na frente dele e ele jura que a vê, eles o internam num hospíc... asilo.

Sem a tristeza não teria como conhecer a felicidade; seria só normalidade para todos os lados. Então tudo se transformaria em melancolia... Se já não é isso o que acontece.

Não dá pra saber até que ponto pode se viver a partir de experiências alheias.
É sempre nova a epiderme onde se roda o outro filme. Quando o coração é espremido como se fosse só mais um limão, o suco tem gosto de mofo. A cor é bem vermelha, por causa do sangue que sai.
É porque a imposição de algumas coisas deixa o pensamento rouco, querendo viajar... E tornar a viagem real. Quer levar o corpo dali, e como não consegue, o pensamento volta, com mala e tudo. O corpo é uma casca tão pesada para ser carregada...

Se o tiro falhar na hora de tentar se suicidar, tentaria novamente?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Até que a mentira os separe, amém.

"...If I give my heart to you
I've must be sure
From the very start
That you would love me more than her..."
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A única imagem que permanecia na mente daquele escritor era a de uma menina de tranças ruivas e sardas adoráveis... Ela ia e vinha no balanço pendurado na árvore do jardim.
Calejados, os dedos dele teimavam em continuar a caminhada pelas teclas da máquina de escrever. A mão clamava por amassar a próxima folha; e conseguia.
Ele não tinha mais idéias. A menina sorria para ele naquela lembrança... Ele sorria de volta e chorava por não tê-la mais por perto.
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"Papai, vem me balançar..." Dizia a voz da criança mais doce que ele já vira. Empurrava o balanço com tanto prazer; sabia que ia ouvir a gargalhada mais linda que já ouvira.
A mulher dele, que costumava ser igualmente charmosa, vivia agora nervosa, cansada, triste. Encarava-o com um olhar terrivelmente abatido, contornado por uma mancha escura. Mostrava as noites que passara acordada.
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"Amor, tenho que dizer uma coisa que a muito tempo anda me corroendo por dentro... Não consigo viver mais com isso..." A mulher falava, cabisbaixa, depressiva.
Se entreolharam. O segredo que ela havia escondido por tanto tempo atravessou o coração dele como uma faca afiada, enfiada até o fim.
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Ele arrumou os seus pertences.
Antes de partir, deu um último beijo nas sardas da criança que ele achava até pouco tempo ser fruto do seu sangue.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Faz tempo...

Meu coração mais parece aquele livro que fora esquecido na estante da sala, já cheio de poeira... Você lembra que ele existe, pega e passa a mão na capa poeirenta; Sorri ao lembrar que era o seu livro preferido e ainda dá pra ser relido...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Dança Macabra

Naquela noite, os dedos passeavam pelas teclas do piano, cujas notas conseguiam alcançar os cantos mais escondidos da casa. Vez em quando conseguiam atravessar por entre as aberturas pequenas das janelas ao encontro dos pingos de chuva lá fora... Dançavam.
Na calçada em frente, o casal se aquecia em sofridos abraços de despedida. "au revoir, mon amour...".
Enquanto ele seguia debaixo da chuva fininha, que só dava para ver através da claridade dos postes, ela subia os degraus correndo, para dar tempo de um último aceno pela janela, gesto ensaiado por tantos dias.
Ao invés do aceno com a mão, um grito estridente ecoou pelas ruas vazias...
A cena do amante, dantes contornada por uma troca de olhares e acenos apaixonados, fora trocada por ele estirado no chão, paralisado.
Havia sido atropelado pelo carro que passou por ali...
O casal agora era um coração apertado de dor e um cadáver, apenas.
Ela se ajoelhou ao lado dele, sentiu o corpo gelado, gritou coberta de lágrimas. Ao som do piano tocando agora um arranjo da dança macabra.
A cena foi tomada por curiosos, ambulância, que depois foram se dispersando. Ela continuou ali, desolada. E se deitou no meio da rua a espera do próximo carro que passasse...

domingo, 22 de novembro de 2009

Vasto mundo de coincidências

"(...)Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma
solução(...)"
[Carlos Drummond de Andrade]
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Esse tipo de coincidência só me faz rir. Diante da minha gargalhada, me sinto murchando aos poucos. Nervosismo.
Sempre me disseram que esse tal mundo, que eu acreditava ser grande, é na verdade bem pequeno. Disso vou tirando provas a medida que o tempo caminha ao encontro das inesperadas e muitas vezes infelizes coincidências.
Na hora que estamos menos preparados, elas vêm com cara de inocente, dizendo não ter culpa de nada. Bem sei.
Vão piorando, se vão! O meu estado de choque vai ficando cada vez mais grave. Mais três dessas, precisarão me internar. Talvez apareça uma fatal, lá mesmo no hospital.
E já não saberei o que fazer com elas se existir mesmo vida e coincidências após a morte.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Blues pub

Luz baixa. Uma mesa de sinuca logo na entrada e umas poucas mesas com cadeiras ao redor separadas da sinuca por um murozinho. Lá na frente, um palco para quem quisesse ser ouvido ou ao menos quisesse tentar. Lá atrás um balcão com todas as coisas para se vender, desde whiskys a sorrisos singelos.
Era um lugar bom. Um pub localizado em cima de uma garagem de hotel. Ali os amigos se encontravam para ver showzinhos e covers de bandas famosas. O último que teve foi dos Beatles, e as fotos decorando as paredes eram como besouros em dias frios que grudam nelas e se soltam jazidos na sola do chinelo, depois de terem tido o prazer de provar da luz quentinha.
Mas acabou. Não se encontra mais ali, em cima da garagem. Mudou de lugar e só as lembranças conseguem visitá-lo no passado.
Agora não tem luz baixa, tampouco o espírito juvenil e poético dantes colorindo o lugar.
É só uma cópia-mal-feita que não deveria existir.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Aceita um?

Pediu dois pães de queijo. No final do primeiro ela já não aguentava mais. Empacotou o segundo, pagou e saiu andando.
Enquanto andava, ouvia passinhos pequenos logo atrás. Se virou e viu um menino de rua.
Ela perguntou: _Aceita um pão de queijo? Já esticando o braço para dá-lo ao menino.
Ele acenou que sim com a cabeça e perguntou: _Aceita um celular?
Ela viu o celular na mão do menino e achou familiar.
Lembrou que havia esquecido o celular na mesa do café. Só apalpou o bolso para ter certeza e trocou as "figurinhas" e os sorrisos com o menino.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Gosto de quê?

Escorria atenção daqueles ouvidos cheios de cáries sonoras. Queria ouvir o que o rádio ao lado da poltrona dizia em meio aos tilintares selvagens de copos sendo lavados na cozinha. Perdeu a paciência. Gritou sem resposta. Desligou o rádio e resolveu se deitar.
No teto do quarto estava colada a retina, violada pela rotina amarga de versos tristes e repetitivos.
Não queria e não sabia mais provar daquele apego aprendiz que fora instigado pela mulher da beira da praia, cujo vestido dançava no ritmo das ondas salgadas. Casou-se com ela.
Agora o café tem gosto de noite mal dormida. O almoço, de manhãs caladas. A janta nem tem mais gosto. A não ser que sejam acrescentadas duas gotas de limão, e só.
Ia-se azedando tudo ao redor.
Era cego de amor. Agora surdo de velhice. Essa que veio faceira e se apossou de seus poucos anos.
A mulher o deixou pra voltar àquela praia que guarda um passado mais atraente.
Ele viveu o resto só. Morreu desgostoso da vida, sem nenhuma mulher para amar.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Imagens

Com ar de quem assiste ao "Laranja Mecânica". Assim ele se sentiu. A vontade de bater em velhinhos e ouvir Beethoven estava ali como se já fizesse parte da sua conduta. Como se estivesse apenas retraída. Tal qual a vontade de fumar um cigarro apagado só para saber a sensação de... de... Ele não sentiu nada diferente.
Molhou o rosto. Lembrou-se da vizinha, tão meiga que era. Foi olhar pela janela. Mas os olhos que encontrou não foram os dela.
Encontrou os olhos de uma criança. A vontade louca de sair se esvaiu. Viu ali um passado. Imaginou o que poderia ser diferente. Se ele não tivesse se separado do mundo. Se ele tivesse resolvido aceitar o gosto podre das conversas entre os que se dizem amigos. Seria feliz?
Aqueles olhos o envolveram como um redemoinho e sair de lá foi um sufoco. Chorou e viu as lágrimas nos olhos da criança. Gritou, mas o grito saía da boca que ele via em sua frente.
Um feixe de consciência invadiu sua troca de olhares e foi então que percebeu o espelho esquecido na janela.

domingo, 18 de outubro de 2009

Acordes

A Tomaz Soares, o violinista encantado

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Ao ver tudo aquilo, não sabia que decisão tomar ou de que expressão me mascarar. Em estado de choque, apenas o coração respondia a tudo. Não se sabe se as pessoas ali presentes o ouviram gritar.

Intactos os olhos permaneciam. No entanto, não conseguiram segurar quando, quase no fim, o Brahms apareceu sem nenhum vestígio de roupa amarrotada. Notas perfeitamente afinadas. Os olhos se vestiram de lágrimas, acabando com o estado de surpresa pela, até então, falta de emoção.

Tal como Sócrates, cujos discursos o cobriam de beleza, aquele rapaz por quem não dava nada além dos demais, cobriu o lugar de frases belas sem ao menos abrir a boca. Antes, todos ali estavam já cansados das imperceptíveis, porém cansativas notas fora de lugar. Mas, naquele momento, jurado nenhum ousou bater duas palmas que rasgariam o papel onde estavam escritos os pensamentos voando perto e muito, mas muito longe dali, embalados pelo som do porta-voz mais doce que existe.

domingo, 4 de outubro de 2009

Eu. Tu. Vozes.

"Vozes valentes, veludos violentos, versos viciantes."

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No canto da parede do sótão, as vozes silenciosas como compassos de uma música lenta para violoncelos, tocadas por flautas mudas.
Do ponto feito no caderno, os desenhos são formados nas mentes insanas, capazes de ver contrastes pitorescos e rabiscos perfeitos.
Do feto recordações são arrancadas.
No neto orações são enfiadas.

Gritar para que os juízes te ouçam já é muito esforço.
Da cabeça quente surgem balas perdidas e alcançadas por um palpite.
Não há como recorrer ao baralho. Perdemos o jogo.

Eu minto por causa da chuva que chega. Tu sentes que o meio é mais seguro.
As vozes não se calam e permanecem caladas, acompanhando as badaladas do vento no campanário.
A língua se derrete em suor. O gosto do prato principal é o sal.
*Corta*

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Surreal

Tem um lugar que me faz lembrar você. Daqui de cima dá pra ver o trem passar... Mas ele sempre passa certo quando olho sozinha. Você vira ele ao contrário e faz com que nos sintamos num quadro pintado por Dali.
Um poema dizia: "Não te quero ter, porque em meu ser tudo estaria terminado", era um pouco assim.
Quero gastar esse amor miudamente, pra dividir por todos os dias que passarmos juntos. Sem exagero.
A mágica que não foi feita, e também a que foi desenhada por bons filmes, imagens magníficas, textos hilários, uma bela trilha sonora.
O beijo que nos une é sincero, desprovido de culpa, farto de respeito. E um sentimento cúmplice de uma amizade que jamais será ferida.
Até mesmo o sono, algo silenciosamente particular, foi compartilhado. Um com cuidado, zelando para nada ruim acontecer, observando. Pesado sono. Confiança dada sem nenhum esforço.
Quem liga para perguntas ? Pode perguntar sempre, o que desejar saber.
E quem liga para respostas que não têm o poder de mudar nada? Responderei, sem hesitar, e com verdade, a qualquer dúvida sua.
Tem sido diferentemente doce essa dúvida maior que mais age como velcro.
Ainda criaremos muitas lembranças boas, em cada retalho que virá. As linhas servirão apenas para coser um retalho bom a um melhor ainda.
"Quem sabe a gente não se casa no futuro e adota um monte de crianças?" - Foi dito com sabor de amoras, e ouvido por um coração de louco.
Ah, faces diversas, por que não se unem?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cumplicidade

O tocar é recíproco. Eu o toco. Ele toca meu coração. O "pré-conceito" não o deixava chegar perto. Ele invadiu o meu mundo. Foi amor à primeira 'vista'. Eu me alimentava do que ele era capaz de produzir. Ele me levava a mundos somente nossos. Conheci coisas incríveis ligadas a ele. Conheci mundos reais mas tarde, tão repletos de encanto quanto os particulares de outrora. Nossa relação só cabe intensidade, desejo de chegar ao completo. Sabemos que isso não é possível. Mas é tão bom.
Num daqueles mundos, existem pessoas que não dão a mínima para a sua fala melodiosa. Encaram-no como um qualquer. Ou menos que isso. Ele não faz questão de se mostrar para esses seres mesquinhos, que desconsideram sua importância, seu encanto. Ele se mostra, lindamente, para aqueles que se apaixonaram de forma doce. Relação forte, mágica.
No início, ele se mostra tão fácil de ser domado. Não passa de um truque. Descobri que, enquanto o tempo passa, ele se torna mais difícil, mas se deixa descobrir. E eu vejo que há muito mais mistérios nele a serem desvendados, vindos de onde aqueles poucos surgiram. Vai se tornando difícil, e cada vez mais fascinante. Deixo todos os outros passarem, mas ele, o violino, não vai nunca sair dessa vida que ele deixou mais viva.

domingo, 9 de agosto de 2009

Correspondência.

Versos compostos de verdade crua
E hábitos que outrora eu não tivera.
Se peço algum desejo àquela lua,
É pra rever você na primavera.

Lembro-me de uma noite escura e nua;
Feliz estava ali, também pudera.
Eu tomo a paciência, que é tão sua,
Tentando acalentar tão vasta espera.

Senti-me aliviada ao perceber
O meu carinho ser correspondido
E de igual forma o medo a percorrer.

E quão desordenado o meu recorte
De frases pra despir o escondido:
O amor que, de tão velho, fez-se forte.

sábado, 8 de agosto de 2009

Pequeno

A lembrança do abraço me envolve num laço, e eu feito criança.
A sede de beijo me traz o desejo do ar, do cortejo, presente na dança.
É cedo trocar tanto passo; valer-se do medo, buscando um espaço.
Tem horas, conversas, senhoras dispersas tricotam retalhos escassos...